Fichamento do Vídeo - Não Monogamia Explicações e Reflexões - Gisa Rocha

Essa nota é específica para anotações/estudo do vídeo "Não Monogamia Explicações e Reflexões - Gisa Rocha", cada nota tem a indicação do tempo do vídeo em que a anotação se refere.

A pretensão é que esta nota sirva para auxiliar nos estudos sobre o tema, e que cada anotação presente nesta página seja buscável na aba "busca", facilitando o acesso aos conceitos que, apenas assistindo ao vídeo, não são nativamente indexáveis.

Nota

https://youtu.be/TmzNot7ytdE?t=289
O Poliamor, apesar de ter sido porta de entrada para o assunto da não monogamia, não é o ponto principal das discussões, pois a não monogamia não se trata de quantidade de relações, mas o padrão de relacionamento. Portanto, é possível estar em uma relação poliamorosa e ainda seguir a lógica monogâmica.

Nota

https://youtu.be/TmzNot7ytdE?t=370
É necessário pensar a não monogamia como um espaço coletivo, e a necessidade de criar uma rede de afetos, ou seja, o cuidado com todos que estão engajados na rede.
Uma pessoa em que há relação sexual não é mais especial, ou merecedora de mais cuidado do que outra que, apesar de fazer parte desta rede, não é engajada sexualmente.
Pensar em um modo ético de se relacionar, é também pensar em como realizar a manutenção das relações e a dinâmica do cuidado, para com todos da rede.

Nota

https://youtu.be/TmzNot7ytdE?t=409
A partir de 6:49, Gisa vai pontuar que o Poliamor é apenas uma das possibilidades disponíveis dentro da não monogamia, e irá passar rapidamente também pela definição de outros termos que definem diferentes configurações de relação não-monogâmica:
O Amor Livre configura-se por ter mais liberdade de relações. O Solo-Poly trata-se mais sobre o "estar" com as pessoas, sendo uma configuração onde não há a pretensão de criar planos de vida, morar juntos, rotular, etc.

Nota

https://youtu.be/TmzNot7ytdE?t=452
A Escada Relacional trata-se do conjunto que expectativas, que escalam com o progredir da relação, que é comum nas relações monogâmicas:
Conhece-se uma pessoa, que passa para um possível flerte, uma ficada, o namoro, que se torna uma proposição, e eventualmente um casamento. Do casamento muda-se para uma casa juntos, tem-se filhos, etc.
Essa progressão, ou "escada", não reflete a realidade dos relacionamentos não-monogâmicos, que podem, ou não, passar por diferentes etapas.

Nota

https://youtu.be/TmzNot7ytdE?t=480
Uma relação onde não há exclusividade de parceiros não necessariamente será uma relação não monogâmica:
É possível ter uma liberdade para se realizar sexualmente com outras pessoas, mas ainda estar preso em uma lógica de posse, de controle, e de hierarquização de afetos.

Nota

https://youtu.be/TmzNot7ytdE?t=531
O que é a hierarquia de afetos?
Um belo exemplo para um modelo não exclusivo de relação onde há hierarquia é a relação aberta: um modelo onde ainda há a presença de um casal principal, e não há a possibilidade de que o relacionamento com uma outra pessoa chegue ao mesmo grau de importância e prioridade do que o casal primário.
A crítica a esta forma de se relacionar é a preocupação ética: os desejos do casal principal precedem as necessidades das pessoas que orbitam esta relação primária.
Isso poderá levar a fetichização, controle, posse.

Nota

https://youtu.be/TmzNot7ytdE?t=766

A monogamia está falida? Vamos todos viver poliamorosamente?

Não há uma campanha para a destruição dos "casais-felizes".
O questionamento não-monogâmico não diz respeito a relações individuais. Não é um julgamento moral e muito menos um julgamento sobre pessoas específicas. Questiona-se, na não monogamia, a instituição monogâmica como forma de se relacionar.
Questiona-se a maneira como é estruturado o sistema relacional monogâmico, que diz que não há alternativa a não ser relacionar-se pautando-se pelo patriarcado, machismo e violência.
Ao negar a posse monogâmica, não se questiona a quantidade de relações ou as especificidades de seu relacionamento, mas a liberdade e a autodeterminação das pessoas participantes deste relacionamento.

Nota

https://youtu.be/TmzNot7ytdE?t=1280
Em teoria, a proposta não monogamia também servirá como ferramenta de libertação das mulheres, ao proporcionar para elas o mesmo poder de escolha sobre os corpos, a forma e a quantidade de pessoas em que ela se relacionará.
Mas há, também, uma discussão sobre como a não monogamia também pode servir como uma validação ou agravar os privilégios do homem sobre a mulher, ao se pensar que a liberdade do homem, na sociedade patriarcal, é maior, e ele terá um maior poder de barganha sobre como sua(s) parceira(s) se relacionarão, se colocado em comparação ao poder de barganha da mulher.
Porém, também é importante considerar que a não monogamia propõe uma mudança de paradigma, que herdará inevitavelmente as contradições da sociedade em que estamos inseridos, desta forma, vivendo em uma sociedade que ainda é patriarcal, algumas destas contradições ainda se farão presentes na não monogamia, mas podem (e devem) ser combatidas.

Nota

https://youtu.be/TmzNot7ytdE?t=1391
Geralmente, as relações abertas, são abertas apenas para a relação sexual. E também é muito comum, na relação aberta, a unicornização: onde a terceira pessoa não terá suas necessidades considerada e será "usada".
A unicornização normalmente acontece com um casal cis-hétero que busca uma mulher lésbica/bissexual, e configurará uma relação pautada no sexo a três entre essas mulheres e o homem da relação.

Nota

https://youtu.be/TmzNot7ytdE?t=1651
As pessoas não monogâmicas são mais saudáveis?
Não necessariamente. Ao se pensar que a pessoa torna-se não monogâmica ao questionar o quanto a estrutura monogâmica falha em lhe prover soluções, percebe-se que há uma busca pela melhoria. Mas as pessoas são atravessadas por questões materiais que poderão ou não atrapalhar neste processo.
Deste modo, a não monogamia promove uma busca pelo autoconhecimento e pela melhoria do "se relacionar", de modo que alguns gatilhos, como o ciúme, podem ser fontes de questionamentos válidos e importantes, que desbloquearão, então, uma série de questões que melhorarão a vida desta pessoa.
Mas também, ao se pensar na sociedade em que vivemos atualmente, deve-se que algumas pessoas não tem condições materiais de passar pelos questionamentos necessários que a não monogamia acarretará.
Não trata-se de medir quem está mais saudável.

O quanto conseguimos [melhorar] sem se destruir?

Nota

https://youtu.be/TmzNot7ytdE?t=1988
Dentro da não-monogamia, existem acordos.
Justamente para se preservar e para que isto não se torne uma fonte de gatilhos, é natural que dentro da não monogamia existam combinados e acordos entre as pessoas integrantes da relação.
A questão é que estes acordos vão, naturalmente, se flexibilizando, conforme as pessoas da relação também vão evoluindo suas relações e seus entendimentos sobre a não monogamia. O trauma e o gatilho também são questões a serem consideradas, ao se tratar disso.