Sobre minha filha

Eu queria me propor a resenhar os livros que eu leio, tanto pelo desafio de continuar ativo na leitura quanto para me desafiar a tirar desses livros uma análise crítica dos conteúdos.

Semana passada eu li Sobre Minha Filha, um livro de uma sul-coreana chamada Kim Hye-jin que trata questões como o envelhecimento, o conflito entre gerações, e concomitantemente a isso, a homofobia e a alienação do trabalho, burnout

A protagonista já tem por volta de seus sessenta anos trata de uma pessoa ainda mais idosa em uma espécie de asilo e se depara com questões existenciais muito profundas, pois encara o abandono, a efemeridade da vida, e se vê nessa pessoa. Além disso, ela vai percebendo ao longo do tempo como questões tão delicadas, como o tratamento de pessoas idosas, é tratado como uma mercadoria pro capital, e se indigna com a falta de valor da própria vida.

Só que ao mesmo tempo que ela enfrenta essas questões no trabalho, sua filha, de por volta de trinta anos, precisa de voltar a morar de favor com a mãe. E essa protagonista, então, começa a se deparar com uma filha que não corresponde aos seus ideais, que são os típicos ideais da família tradicional.

E durante o decorrer do livro, isso vai gerar diálogos muito profundos, reflexões, e é nisso que está o ouro do livro. A forma como ela é intransigente com a filha gay contradiz a indignação dela com a exploração da vida humana no seu trabalho. E esse despertar, esse amadurecimento, é tão sutil, mas tão instigante também, e te mantém intrigado durante toda a leitura.

Não é um livro que traz respostas, mas ao mesmo tempo, um livro que te faz chegar a conclusões.