The Quince Tree Sun 1992
A natureza, enquanto bela e efêmera, é um fenômeno incapturável. Alguns tentam, outros conseguem se aproximar de sua majestade colossal, mas nunca realmente conseguimos capturar sua essência. Talvez exatamente em sua efemeridade resida sua beleza, e retirar esta qualidade é retirar justamente um alicerce fundador de sua plenitude.
O filme expressa a vida e a morte dos marmelos, os frutos desta árvore plantada pelo protagonista que, em vão, tenta pinta-los. Por mais que se use dos mais elaboradores truques, como pintar referências na parede, nas folhas, no tronco, nos frutos, como construir uma estufa que impeça a chuva de arruinar o momento. É impossível capturar o momento exato em que o sol bate por cima da árvore, mas não ilumina-a por inteiro.
O protagonista, já próximo do fim de sua vida, tenta capturar esse momento como se extraísse da árvore um pouco mais de vitalidade. Tenta conquistar a natureza. O filme é uma meditação sobre um velho tentando pintar uma árvore e seus frutos. Um velho que, também acabando, admira a luz sobre os marmelos caídos. Aqui, parafraseando-o:
"Ninguém parece perceber que todos os marmelos estão apodrecendo sob uma luz que não sei como descrever, nítida e ao mesmo tempo sombria, que transforma tudo em metal e cinza. Não é a luz da noite, nem do crepúsculo. Nem a da aurora."
Review no Letterboxd: ‘Dream of Light’ review by Igor Frade • Letterboxd