Soleil Ô 1970

"Eles dizem que viemos de longe... hahahahahahah"

Antes deles, tínhamos tecnologia, estado, religião. Tínhamos comércio, tínhamos cultura, tínhamos língua, tínhamos nomes.

Um filme sobre como a colonização leva o homem à condição de objeto, à desumanização e faz do ato revolucionário nada mais que um ato pela própria sobrevivência.

É necessário ter estômago para assistir este filme tendo o mínimo de olhar crítico, pois esta violência é presente e escancarada no nosso dia, e saber que a miséria humana retratada no filme é apenas parte de nosso cotidiano, e não uma ficção distante, deixa a gente com um nó na garganta, uma mistura de nojo, dor, revolta e é claro: desejo de revolução.

Os colonizadores nos venderam uma ideia de que precisamos nos moldar ao que eles consideram civilizado: a ordem, suas religiões, seus bens de consumo, um mundo de carros e eletrodomésticos. A promessa é de uma felicidade que parece estar ao alcance, mas que, no fundo, sabemos que é uma ilusão.

E a ironia? Quando buscamos essa tal felicidade, esse emprego, essa cultura, seremos nós os rotulados de invasores. No país que nos foi apresentado como símbolo de liberdade e oportunidade, nos acusam de estragar o que eles construíram, de roubar o que, na verdade, foi roubado de nós e prometido como uma miragem.


Review no Letterboxd: ‎‘Oh, Sun’ review by Igor Frade • Letterboxd