Happy Together 1997

O amor destrutivo de Happy Together é a anunciação do luto não elaborado. Luto pela relação que, mesmo de pé, já havia acabado. O filme mostra como o amor pode crescer tanto que se torna infantil, possessivo, quase cruel. Amar demais vira querer demais. Onde o medo de perder se torna o próprio motivo. É o filme que mostra o amor verdadeiro, solto, selvagem. O amor nem sempre é bonito.

É um filme sobre momentos únicos. Pequenas oportunidades de uma vida que passam, que não voltam, e que só podem ser vividas uma vez. Mas também é um filme sobre solidão. Sobre a tradicional, sim, mas também sobre outro tipo de solidão: aquela que vivemos mesmo acompanhados. A que traz inquietação, a sensação de não ser compreendido e de estar fora de lugar.

Ainda assim, o mais bonito de Happy Together está na forma como ele retrata o luto quando, enfim, começa a se elaborar. A leveza discreta que surge ao aceitar o fim. A sensação indescritível e inigualável de estar resoluto com o passado. Não superando, não esquecendo, mas simplesmente aprendendo a seguir.


Review no Letterboxd: ‎‘Happy Together’ watched by Igor Frade • Letterboxd