Crash 1996
Esse filme me causou tamanho estranhamento que, quando me percebi, já havia se passado uma hora. É intrigante como a obra remete a um instinto quase animalesco, como se acessasse uma parte de nós que ainda nega qualquer esforço civilizatório. É bizarro conseguir se identificar com um desejo tão profundo, como se o simples ato de entender a sensualidade do filme nos sujasse e manchasse de maneira irreparável.
Particularmente, não vejo o filme sob a perspectiva da máquina e tecnologia subvertendo o homem, nem como uma exploração da sexualidade em seus extremos, mas como um desnudamento das máscaras sociais. O que se mostra em cena não é o corpo exposto, mas aquilo que persiste mesmo depois do colapso da norma.
Review no Letterboxd: ‘Crash’ review by Igor Frade • Letterboxd