Close - o luto, e a sexualidade

Close - o luto, e a sexualidade

Uma indicação de filme com quase nada de spoilers


Assisti um filme lindo do Lukas Dhont, desses que a gente guarda pra assistir em um dia que precisamos chorar um bocado. Esse em particular, lançou lá em 2022. Mas foi sendo guardado, posto de lado. Até o dia de hoje.

Nossa, eu deveria ter visto esse filme antes!

Bom, em Close, acompanhamos a relação entre Leo e Rémi. Um lindo afeto entre dois garotos que, sem se preocupar com rótulos, não conseguiam se imaginar separados.

Eles não namoravam. Ou ao menos não contemplavam essa possibilidade. É muito lindo ver a relação pura retratada nos dois. Dois quase-irmãos, dois muito-amigos. O amor deles é visível, transparece, tem tato.

É muito interessante assistir ao filme, com a perspectiva que tenho, de um homem gay, que viveu o processo de descobrir as possibilidades de uma relação de amizade perante a sociedade que impõe rótulos — e limites — para uma relação deste tipo.

Eu tive uma amizade como a de Rémi. Mas ela foi totalmente engolida. Ocorreu, nela, a mesma coisa que ocasiona a virada do primeiro ato. O questionamento, mesmo que educado e sem malícia, dos limites da relação, e do enquadramento das possibilidades que poderíamos viver, diante de um rótulo e seu limitado aparato definidor de significado.

Só era possível a amizade a partir de um certo distanciamento. Limitado artificialmente (mas imposto como que naturalmente) pelas normas que nos regiam enquanto sociedade. Só é possível ser amigos, sem o risco de “estarmos juntos”, se agirmos em um conjunto específico de regras.

E essa limitação age diferentemente em um, em relação ao outro.

Mas estou divagando (e talvez desabafando).
O filme também aborda muito fortemente a questão do luto. Me impressiona muito como as pessoas próximas de Leo, além de seus professores e outras pessoas de seu convívio, agem com responsabilidade para com a questão.

É um tópico sensível e, sem dar muito spoiler, acredito que é abordado no filme como um exemplo de como é possível viver o luto juntos, mas sem culpabilizar o outro.

Enfim, a direção de arte do filme é simplesmente linda, claro, com uma paisagem deslumbrante de plantações de flores e os horizontes bélgicos. Mas não só. O “close” nos personagens, a atuação impressionante dos atores. Sinto que o filme realmente mereceu ser tão premiado.


Review no Letterboxd: ‎‘Close’ review by Igor Frade • Letterboxd